ORDEM DOS FRADES MENORES CAPUCHINHOS DE SÃO PAULO  ATELIER DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DO EMBARÉ
BASíLICA MENOR DE SANTO ANTONIO DO EMBARÉ
MITRA DIOCESANA DE SANTOS
             
CONTATO QUEM SOMOS CRÉDITOS
            ONDE ESTOU >   PRINCIPAL > SÍTIO COM ARTIGOS HISTÓRICOS E FOTOS SOBRE A BASÍLICA DO EMBARÉ
      A BASÍLICA
     
      ELEMENTOS ARTÍSTICOS
      HISTÓRICO - ARQUIVO
      FRADES CAPUCHINHOS
      SÍMBOLOS BASILICAIS
      CONHECENDO A BASÍLICA
      CONSERVAÇÃO E RESTAURO
      PEÇAS NOVAS
      CARTAS PATRIMONIAIS
      LINKS
       
      PAGINA INICIAL
       
      CENTENÁRIO
       

































Conhecendo a Basílica arte 8 - “Sob o olhar dos capuchinhos” (continuação)

No artigo anterior, conseguimos definir algumas características importantes dos missionários trentinos. Dando continuidade, nos mantemos em dezembro de 1922; Padre Gastão faz a entrega da capela, e tudo mais que nela se encontra, ao Frei Boaventura de Aldeno, frade especialmente nomeado para negociar a capela, em nome da Missão dos Capuchinhos.

Boaventura, frade muito zeloso e atento, elabora um inventário dos bens da capela, esse documento, ainda hoje preservado, nos dá a real noção do patrimônio comprado pelos frades. Em sua maioria, os objetos descritos se perderam, e hoje contamos somente com a imagem de Santo Antônio que fica na entrada da Basílica, além de 3 bancos de palhinha (de 31 inventariados) - um exemplar dos bancos fica atualmente na secretaria, e é usado como banco de espera.

Vale ressaltar que foram registrados dois sinos, no campanário da capela, com a ressalva de pertencerem à Irmandade de São Benedito, e que estavam “emprestados”, até a Irmandade reclamar sua devolução; não sei em que momento foi feita a devolução, mas quando foi construído o novo campanário, em 1932, foram comprados cinco novos sinos (DO, RE, MI, SOL e SI); acredito que os frades contavam com os outros dois sinos (talvez FÁ e LÁ), mas tiveram de fazer a devolução quando estavam construindo a nova igreja. Abordaremos essa especulação em um artigo somente sobre os sinos, em um futuro próximo.

Em 17 de dezembro de 1922, Frei Ângelo Maria do Bom Conselho de Taubaté foi apresentado à comunidade, e assumiu o cargo de Reitor da Capela. No dia 22, foi criada a Paróquia de Santo Antônio do Embaré, um desmembramento da Paróquia do Imaculado Coração de Maria de Santos, e no dia 19 de fevereiro de 1923 foi empossado como primeiro Pároco da recém criada paróquia. Infelizmente, por motivos de saúde, acabou sendo substituído no mesmo ano pelo Frei Manoel de Seregnano, que foi o último reitor da CAPELA. No ano de 1924 é criada a Diocese de Santos.

Os primeiros atos dos frades foram de marcar a presença capuchinha, o que ocorreu de forma muito rápida, pelos seus gestos simples e com excelente receptividade. Não havia qualquer demonstração de que era intenção dos Missionários construir uma nova Igreja, muito pelo contrário, todas as ações demonstravam que manter a capela era a intenção dos frades.

A primeira família religiosa do Embaré contava com um frade construtor, Frei Egídio de Abbedone, que era conhecido na Missão pela sua contribuição em obras de engenharia; ele foi um dos responsáveis, juntamente o Frei Alberto de Stravino (arquiteto), pela construção do Seminário Seráfico de São Fidélis, em Piracicaba. A inclusão dele na fraternidade de Santos, demonstra que muitas obras precisavam ser feitas.
Uma das atitudes tomada foi a reforma do coro na capela, aos cuidados do Carlos Reger; algumas plantas desse período encontram-se na fundação arquivo de memória, em Santos. Foram fabricados bancos novos com emblemas franciscanos no couro (que hoje se encontram nas salas de atendimento).

Posteriormente a confecção de altares laterais em madeira, obra de Frei Egídio também hábil marceneiro, esses tinham em destaque brasões seráficos pintados em placas de zinco (pintados pelo Frei Paulo Maria de Piracicaba, que também residiu em Santos na mesma época). No altar Mor ficava Santo Antônio; nos altares laterais, o Sagrado Coração de Jesus, e a Imaculada Conceição, além de imagens menores São Francisco de Assis, São José Operário, Nossa Senhora do Carmo e Santo Expedito, algumas imagens de autoria do Scopoli. Dessas peças temos somente o São Francisco que está no convento, e Nossa Senhora do Carmo, que fica no nicho da entrada da Basílica, e vale lembrar que o crucifixo que temos na sacristia era do antigo altar mor, que foi demolido.

Nesses primeiros anos, os frades deram especial atenção ao espírito de oração, seguindo uma metodologia utilizada em suas igrejas, incentivando a criação do Apostolado da Oração, em 3 de fevereiro de 1923 (sempre a principal devoção dos frades, conforme explicado no artigo anterior), da Ordem Terceira Franciscana do Embaré, em 17 de setembro de 1924, das Filhas de Maria, em 11 de outubro de 1925, da Pia União do Trânsito de São José, em 1 de fevereiro de 1927, a liga católica Jesus, Maria e José, em 19 de março de 1928, e da União da moças Católicas e da Casa do Senhor, em 1927.

Os primeiros anos dos frades foram de muito trabalho e de grandes transformações que deram frutos. Em pouco tempo, a capela começa a atender um número crescente de fiéis, e os periódicos anticlericais não mais tem munição para zombar dos sacerdotes. O receio de alguns frades em ter uma moradia no litoral, se mostrou infundado. Começaram a atender capelas menores em sua área paroquial, desses atendimentos surgirão novas igrejas, em especial a Igreja Nossa Senhora da Pompéia, e é da construção dela que surgiu a semente da construção da nova Igreja do Embaré, mas isso é um assunto para os próximos artigos.


Danilo Brás
conservador - restaurador da Basílica do Embaré