ORDEM DOS FRADES MENORES CAPUCHINHOS DE SÃO PAULO  ATELIER DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DO EMBARÉ
BASíLICA MENOR DE SANTO ANTONIO DO EMBARÉ
MITRA DIOCESANA DE SANTOS
             
CONTATO QUEM SOMOS CRÉDITOS
            ONDE ESTOU >   PRINCIPAL > SÍTIO COM ARTIGOS HISTÓRICOS E FOTOS SOBRE A BASÍLICA DO EMBARÉ
      A BASÍLICA
     
      ELEMENTOS ARTÍSTICOS
      HISTÓRICO - ARQUIVO
      FRADES CAPUCHINHOS
      SÍMBOLOS BASILICAIS
      CONHECENDO A BASÍLICA
      CONSERVAÇÃO E RESTAURO
      PEÇAS NOVAS
      CARTAS PATRIMONIAIS
      LINKS
       
      PAGINA INICIAL
       
      CENTENÁRIO
       

































Conhecendo a Basílica parte 5 -  Gastão de Moraes, um padre na Belle Époque (continuação)

Às 19:00hs, de 24 de novembro de 1911, a capela solenemente abre suas portas para o atlântico, e desde então, nunca permanece ininterruptamente aberta. Solenemente neste dia, o Revmo Sr Cônego Dr. João Martins Ladeira faz a primeira celebração da nova capela, uma festividade programada para o dia acabou sendo adiada por um forte temporal, mas, no domingo, acabou por encerrar as atividades de inaguração de forma magistral.

Padre Gastão possuía um talento nato em aproximar pessoas em um objetivo comum, um carisma muito acentuado que lhe permitiu resolver problemas complexos em espaços curtos de tempo, mas também lhe trouxe muitos problemas. Rapidamente, a frequência da capela cresce, havia uma demanda de atendimento espiritual reprimida, de tal forma que em muito pouco tempo ela não é capaz de atender os moradores da orla que vivem um momento de expansão pujante, onde muitas famílias ricas, ou moram ou possuem casarões de veraneio na “nova orla da praia de Santos”.

Sabiamente, o heróico padre começa a pensar na ampliação da capela; a festa de Santo Antônio, de 1912, já arrecada fundos para esse objetivo. Gastão nomeia beneméritos e benfeitores para capela, que se comprometem em ajudar efetivamente com as obras; o mais interessante desse período, são os tipos de eventos para arrecadar fundos para ampliação da capela: o mais lembrado do período foi o Salão de Artes, em 16 de junho de 1913, organizado pelas distintas senhoritas Julieta, Ilda Metillo, Sarah Pereira da Rocha, Julinha e Marinha Mendes e Galvão, que rendeu 2:070$000 (dois contos e setenta mil de réis), uma grande soma, bem como a festa do orago deste ano, organizada pela Dona Zizi Martins, que, com seu empenho, conseguiu todas as prendas para festa de 1913.

É essa capela ampliada, a famosa foto que temos da antiga capela, um presente dado à Basílica pela Dona Edith Pires, antiga moradora da Pinacoteca Benedito Calixto, vinda do acervo particular de sua família. Dona Edith narra que membros de sua família nesse período possuíam um grande laço afetivo com o Padre, e a foto foi tirada por seu irmão Jorge de Barros Pires, em 1912-13, e desse período seus pais doaram a Pia Batismal, em mármore de carrara, que ainda hoje se encontra em frente ao presbitério (temos essa bela narrativa em seu livro “Memórias do casarão branco”).

Com essa segunda reforma, a capela ganha uma sacristia, e salas de reuniões e aulas, além de uma “repaginada” em seu aspecto, mas essa não foi a última reforma. Em 1914, já estavam angariando fundos novamente, sendo organizado um baile, pela Senhora Carlotinha Gomes, no Grande Hotel Parque Balneário, contando com a presença da “fina flor da elite santista”. As verbas desse período são para a última grande reforma da Capela, para esse obra o padre Gastão consegue um projeto do incomparável Maximilian Emil Hehl, que possuía familiares em Santos, e foi autor de projetos como a catedral da Sé, em São Paulo, e da catedral de Santos, e que faleceu em Santos, em 1916.

Muito temos a falar desse projeto, ele criou uma verdadeira pérola dedicada a Glória de Cristo, na orla da cidade, e dificultou em muito a tomada de decisão de derrubar a capela, no final dos anos 20. Os trabalhos foram executados pelo construtor português Manuel Gonçalves, e a fiscalização pelo arquiteto Edmundo Krug; seu projeto era em estilo neogótico, com perfeição, e seu interior era ricamente decorado com vitrais da Casa Conrado Sorgenicht (esse vitrais foram reaproveitados, e estão hoje no presbitério atrás do altar mor, possuindo os nomes dessas ilustres figuras que citamos neste texto), e com pinturas do artista austríaco, Steinbacher, que valorizou muito o templo, pelo uso do dourado, decoração muito próxima à encontrada no mosteiro de São Bento, em São Paulo.

Esta foi a última grande obra do Padre Gastão de Moraes, e é com ela que ele encerra seu livro em 1915; a capelinha, em suas palavras, e que eu concordo, não é mais uma capela, e sim uma igreja de verdade. Conta com sinos, em uma torre de 20 metros de altura, com para raios, vários altares (especialmente do sagrado coração de Jesus) e luz elétrica; púlpitos trabalhados em madeira de imbuia, e tudo mais que era necessário para um longo período de atividades do Padre.

Só que a maior virtude desse destemido personagem, também será a partir desse momento seu maior inimigo, mas isso é uma história para o próximo mês.

Danilo Brás
Conservador -restaurador da Basílica