ORDEM DOS FRADES MENORES CAPUCHINHOS DE SÃO PAULO  ATELIER DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DO EMBARÉ
BASíLICA MENOR DE SANTO ANTONIO DO EMBARÉ
MITRA DIOCESANA DE SANTOS
             
CONTATO QUEM SOMOS CRÉDITOS
            ONDE ESTOU >   PRINCIPAL > SÍTIO COM ARTIGOS HISTÓRICOS E FOTOS SOBRE A BASÍLICA DO EMBARÉ
      A BASÍLICA
     
      ELEMENTOS ARTÍSTICOS
      HISTÓRICO - ARQUIVO
      FRADES CAPUCHINHOS
      SÍMBOLOS BASILICAIS
      CONHECENDO A BASÍLICA
      CONSERVAÇÃO E RESTAURO
      PEÇAS NOVAS
      CARTAS PATRIMONIAIS
      LINKS
       
      PAGINA INICIAL
       
      CENTENÁRIO
       

































Conhecendo a Basílica parte 4 - Gastão de Moraes, um padre na Belle Époque

O padre Gastão de Moraes é um ilustre filho da cidade de Santos. Boa parte da sua biografia que conhecemos vem do próprio padre, que narrou para um livro sobre a capela, publicado em 1915 Filho de José Francisco de Moraes com a Dona Emília Corvello de Moraes, estudou no seminário episcopal de São Paulo, e se ordenou padre em Pouso Alegre (Minas Gerais), em dezembro de 1905.

Nos primeiros anos de sua formação, exerceu muitas atividades e cargos; capelão no Guarujá, mais tarde foi conduzido para paróquia de São Sebastião, Villa Bella e Caraguatatuba. Posteriormente, foi para Santa Rosa, onde assumiu e terminou a construção da Matriz, que lhe confere certo reconhecimento e a gratidão do Bispo de Ribeirão Preto.

No magistério encontrou sua segunda grande paixão, foi professor no Escolástica Rosa, na academia do Comércio e na escola de aprendiz de marinheiro, onde lecionou por por quase 20 anos. Paralelamente, dava aulas particulares aos filhos (as) das mais distintas famílias da cidade de Santos.

No início dos anos 10, foi capelão da Irmandade de Beneficência Portuguesa, e mais tarde da capela do cemitério do Paquetá; gozava de muito prestígio na cidade, quando em um passeio, no início do anos de 1911, na orla da praia de Santos, com sua amiga Dona Eulina Nunes Pires, chamou-lhe a atenção o abandono da capela, e a falta de zelo em que se encontrava as “sagradas coisas da Igreja”.

A capela estava sob os cuidados a matriz de Santos, desde 1908, então era bastante viável entregar um local abandonado a um jovem sacerdote, que havia se mostrado competente na direção de muitas outras igrejas, e em obras de reforma. O vigário paroquial Revmo Sr Cônego Dr. João Martins Ladeira entregou a capela aos cuidados do Padre Gastão de Moraes, que, a partir desse momento, não mediu esforços para reconstruir o espaço, e dedicá-lo aos mais sagrados sacramentos.

Contando com auxílio das mais ilustres famílias da cidade, em que gozava de grandes amizades, iniciou as obras de reconstrução da capela, ele mesmo destacou a ajuda do casal Annibal Nunes Pires e D. Eulina Nunes Pires, como pilares dessa primeira reforma. Contrataram rapidamente o empreiteiro Sammartini, que começou a reforma obedecendo um projeto do engenheiro Spagnolo; a previsão de reinauguração, era julho de 1911 (observe que todo o processo ocorreu em menos de 6 meses), mas infelizmente na véspera da inauguração ocorreu um incidente que acabou impedindo o tão esperado momento.

Nosso heróico padre não descreveu o ocorrido, mas os jornais da época descreveram que uma grande árvore desabou, um dia antes da inauguração, em cima do edifício, destruindo o telhado, e abrindo uma enorme rachadura, de fora a fora, na parede lateral da capela. Esse fato, tornou-se mais pitoresco, porque alguns jornais responsabilizaram o padre pelo acontecimento. Na tentativa de deixar tudo perfeito para inauguração, o padre Gastão acabou por derrubar uma grande palmeira, que veio a tombar para o lado errado e caiu na capela, a manchete no jornal anticlerical* A Lanterna “O Dedo da Providência”, e o contexto de que “nada se move senão pela vontade de Deus”, podemos observar que o padre Gastão é um alvo, graças a seu carisma, mas já coleciona também desafetos.

Com o terrível acontecimento, agora do zero tudo deveria ser retomado, mas é possível que a capela estivesse em um estado pior ao que estava antes da reforma. A comissão de obras acabou se desentendo, e acionando judicialmente o empreiteiro. O caso foi amigavelmente resolvido, e um novo construtor foi contratado, o Sr. Luiz Ferreira que finalizou a obra após vários meses de trabalho, e finalmente às 19:00hs de 24 de novembro de 1911, a capela foi reinaugurada com muitas festividades e solenidades (quase isso), mas veremos o desenrolar dessa história no próximo mês.

(para saber mais leia o livro sobre a Basílica do Embaré, existe uma boa quantidade de exemplares na livraria Realejo na Praça Independência em Santos)

Danilo Brás
Conservador -restaurador da Basílica