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Conhecendo
a Basílica parte 3 - Barão do Embaré (final)
Continuando nossa
narrativa, o século XX se inicia, e um raio de luz paira
sobre a orla santista, que fervilha de progresso, e
chegamos ao final de nosso primeiro pilar histórico
sobre a Basílica do Embaré.
O Dr Barnabé Vaz de
Carvalhaes Sobrinho foi viver em exílio, em Pau, na
França, com a Dona Josephina Ferreira Carvalhaes, onde
recebeu o título de Barão de Carvalhaes. Em 1922, e nos
anos 20, ele vendeu a maior parte de suas propriedades
no Brasil, inclusive o curioso montante de 160.969 m2 da
Ilha Barnabé, para a companhia Docas de Santos, que
desembolsou a extraordinária quantia de 2020:065$400
réis, para comprar toda ilha - o Dr Barnabé possuía ⅔ da
ilha. Aparentemente, é na França o seu local de
falecimento, assim como o da D. Josephina (vale reparar,
que a filha do visconde acaba recebendo o título de
Baronesa de Carvalhaes, com o nome de Josephina Ferreira
Carvalhaes, muito próximo ao atribuído a Viscondessa do
Embaré, D. Flora, conhecida por Josephina Carvalhaes
Ferreira. Talvez aí resida a confusão de atribuição de
nomes nos arquivos monárquicos).
D. Gabriela Ferreira da Siva,
a outra filha, casou-se com Vicente de Souza Queirós;
seu nome de matrimônio era Gabriela Ferreira de Souza
Queiros, e teve dois filhos, um morto prematuramente
(aos 15 anos), outro, o Dr. Alvaro de Souza Queirós, um
grande advogado do início do século XX, e que tem
descendentes até hoje.
Com a morte, no Rio de
Janeiro, do Dr. Eduardo Carlos Ferreira da Silva, em 15
de janeiro de 1901, uma batalha jurídica se deu pelos
bens do filho do Visconde, que não deixou herdeiros nem
se casou; o caso foi arrastado, e decidido no Supremo
Tribunal Federal, no Rio de Janeiro. O Dr. Eduardo
conseguiu, em vida, aumentar em muito seu patrimônio, o
imbróglio jurídico se formou porque foi apresentado um
diagnóstico de insanidade do Dr. Eduardo, e questionando
o testamento e suas ações nos últimos anos. Um primo do
Eduardo, Dr. Bernardino Ferreira da Silva, nomeado
curador do patrimônio, e que chegou a ser Ministro do
Supremo Tribunal entrou em conflito com o Dr. Barnabé. A
peça jurídica é complexa, mas importante para nós,
porque estão decidindo sobre a propriedade da capela, e
do terreno da barra; sem a irmandade, tudo retornaria
aos filhos do Visconde, nesse caso, as irmãs do Dr.
Eduardo.
O fato é que, ao que tudo
indica, o genro saiu vitorioso, porque no ano de 1908,
ele, pessoalmente, transferiu a capela e tudo mais que
pertencia à ela, ao patrimônio da igreja Matriz de
Santos, e deixou claro que o bispo poderia dar fé do ato
e anunciar que Ele (o genro) autorizou a transferência.
Essa carta é registrada no segundo cartório de notas de
São Paulo, e transcrita em livros tombo. Hoje a sua
cópia encontra-se nos arquivos da cúria metropolitana de
São Paulo (doc pasta II Santos).
A irmandade, que de fato
nunca existiu, também não questionou a transferência. Em
verdade, a entrega das chaves é feita pelo Sr. José
Soares Rossman, conhecido como tesoureiro e membro da
irmandade; foi ele que tentou levantar os valores do
testamento da viscondessa, e não conseguiu, conforme
ficou registrado em cartório. E assim como um patinho
feio, a capela foi anexada à paróquia da Matriz de
Santos, encerrando o período Imperial da capela.
O que sobrou dessa época?
Além das histórias e do legado, temos a imagem de Santo
Antônio do Barão na entrada da Igreja, com seu estilo
próprio, sempre nos abençoando.
Essa é a síntese dessa
complexa jornada da capela chegando às mãos do Padre
Gastão de Moraes em 1911, abandonada e destruída, mas
não esquecida; a orla da praia tem uma vida ativa e
anseia pela progresso; a Belle Époque está na sua
aurora, e basta um empurrão para a nossa capelinha
adentrar (com atraso) ao século XX.
Danilo Brás dos Santos -
conservador / restaurador
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