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Conhecendo
a Basílica parte 2 - Barão do Embaré
(continuação)
Dando continuidade a nossa
história vamos, adentrar na parte mais confusa sobre a
história da igreja do Embaré, como uma capela
particular, pertencente a uma das mais distintas
famílias Santistas, se transformou na majestosa Basílica
do Embaré (a capela do barão é a única capela particular
listada em uma série de publicações do final do séc.
XIX).
Após a inauguração da capela
da “Barra” (essa foi a primeira forma de se referir a
capela do Embaré), ela teve vida ativa em seus primeiros
anos: celebrou-se continuamente, e até casamento foi
realizado (consta em anúncio de 16 de julho de 1888, um
casamento com o filho do Visconde, o Dr. Eduardo, sendo
padrinho). Mas, com a morte do visconde, em 21 de
dezembro 1888 (o barão recebeu o título de Visconde em
1880), a capela e os demais terrenos da barra foram
deixados em testamento à viscondessa, como
reconhecimento ao amor dela aos filhos dele. Dona Flora*
Vaz de Carvalhaes, a viscondessa do Embaré, não era a
mãe biológica dos filhos do Visconde, ela era tia e
madrasta, irmã de Dona Gabriela Anna Vaz de Carvalhaes,
nascida em 1825, que casou em 1846, e faleceu por volta
de 1869.
*Um pequeno parênteses, a
viscondessa do Embaré é registrada nos arquivos
monárquicos brasileiros, como D. Josephina de Carvalhaes
Ferreira. Acontece que, em nenhum documento ou jornal
dessa época, aparece esse nome, principalmente nos
textos e livros do Olao Rodrigues (grande historiador
Santista); O nome atribuído é de D. Flora. O comendador
Barnabé teve 7 filhas, e tanto Josephina como Flora
constam como nomes de suas filhas, mas a D. Josephina
casou-se com o Dr. Antonio Barbosa Gomes Nogueira, e
assumiu o nome de Josephina Bárbara Carvalhaes Nogueira.
Existem vários motivos para confusão de nomes, é fato
que todos os filhos do comendador tinham nomes
compostos, e não se descarta que no nome de Batismo da
Viscondessa seja D. Flora Josephina Vaz de Carvalhaes,
mas todos os registros, como documentos de viagem e o
próprio “testamento do visconde”, a denominam D. Flora
de Carvalhaes Ferreira, o que torna os registros
monárquicos um “equívoco”.
A viscondessa faleceu no ano
de 1893, e deixou, em testamento, a capela e uma grande
verba financeira (dez contos de réis), a qualquer
irmandade que se formasse “legalmente”. O Filho do
Visconde, nesse momento, começou a apresentar graves
problemas de saúde, e viveu em tratamento entre a França
e Brasil, vindo a falecer de fato em 1901.
Nessa época, só residiam em
Santos o genro Dr. Barnabé Francisco Vaz de Carvalhaes
Sobrinho e esposa D. Josephina Ferreira Carvalhaes, e
são eles que assumem a responsabilidade de administrar a
capela, até a formação da irmandade. Na verdade, nossos
arquivos registram os mais antigos documentos
eclesiásticos em nome do genro do visconde. A capela é
reformada em 1895, recebe licença da Mitra para celebrar
missa e erigir pia batismal, e é reinaugurada na festa
de Santo Antônio de 1895 (pelo menos se tentou, mas as
fortes chuvas daquele ano, adiaram em quase um mês a
queima de fogos e as comemorações).
Em 1897, finalmente a
Irmandade de Santo Antônio do Embaré é legalmente
formada, seu estatuto é publicado no diário oficial em
novembro de 1897, e deixa claro que se formou pela verba
testamentária da viscondessa. Mas de fato os membros não
conseguiram levantar os valores do testamento, e por não
conseguir esse legado financeiro, a irmandade nunca
passou da reunião da fundação, e nunca assumiu, de FATO,
a capela (que começa seu calvário de longo abandono). O
genro do visconde, nesse momento, está de mudança para a
França, como muitas famílias nobres fizeram, após a
proclamação da república, acompanhando o exílio da
família Imperial.
Assim, um novo século iria se
iniciar com a capela de portas fechadas para o
Atlântico, e na mais completa escuridão
Continua…
Danilo Brás dos Santos -
conservador / restaurador
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