ORDEM DOS FRADES MENORES CAPUCHINHOS DE SÃO PAULO  ATELIER DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DO EMBARÉ
BASíLICA MENOR DE SANTO ANTONIO DO EMBARÉ
MITRA DIOCESANA DE SANTOS
             
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Conhecendo a Basílica - Barão do Embaré

Há alguns anos, eu escrevia periodicamente um artigo em nosso informativo. Com o início das preparações para a celebração do centenário de criação de nossa paróquia (22 de dezembro de 2022), aceitei o desafio de retomar essa coluna. Embora a essência desses artigos seja a mesma, a forma será outra; tentarei narrar cronologicamente, e com esse norte falar da igreja, suas obras de arte, seus artistas e pessoas notáveis que fizeram do Embaré essa igreja especial.

Para iniciar essa coluna, vou falar do primeiro pilar histórico da Basílica, o Visconde do Embaré. Antônio Ferreira da Silva é uma dessas figuras notáveis e singular da segunda metade do século XIX. No ano de 1875, o então Barão deu ciência, à vereação municipal de Santos, da construção da capela, dedicada a Santo Antônio, em terreno de sua propriedade, localizado na orla da praia, que ficava onde hoje é o altar mor da Basílica. Isso um pouco antes da expansão e ocupação da orla santista, que começa a tomar força em meados de 1895. Essa é a semente da atual igreja do Embaré, plantada pelo Visconde.

Mas esse foi o menor dos feitos do Visconde, ele ficou conhecido pela filantropia e pelos cargos públicos; foi vereador, delegado, presidente e fundador da associação comercial de Santos, e provedor da Santa Casa de Misericórdia de Santos, entre tantos outros cargos. Mas o que mais cabe lembrar, é o de professor: construiu o grupo escolar Olavo Bilac, e abriu na própria casa um externato, onde ele também lecionava filosofia.

Como o fruto não cai longe da árvore, seu filho Eduardo herdou dos pais as boas ações. Ele e a “mãe” a Viscondessa do Embaré (Josephina Vaz de Carvalhaes Ferreira) doaram o palacete do barão, em 1889, para ser a sede do asilo de órfãs, e assistência à infância desvalida, a atual Casa da Criança de Santos, em homenagem ao Visconde, que com certeza aprovaria o ato. Ambos foram morar no Rio de Janeiro no casarão da fazendinha, como é conhecida hoje a sede da Associação Mantenedora Casa Nossa Senhora da Piedade; Localizada na favela, em Inhaúma, no complexo do alemão, o imóvel também foi doado para trabalhos assistenciais e serviços sociais.

A história uniu mãe e filho para a posteridade - Eduardo morreu de forma precoce em 1905, e a Viscondessa, com mais de 80 anos, na mesma época. A cidade homenageou ambos com nomes de ruas no centro de Santos, sendo curioso que a Rua Dr. Eduardo Ferreira seja um cruzamento da Rua Viscondessa do Embaré, unindo mãe e filho, em um delicado detalhe, que hoje passa despercebido. No quarteirão de encontro de ambas as ruas, ficava o palacete (Rua Xavier da Silveira, nº124). No cemitério do Paquetá há um espetacular Mausoléu, ricamente decorado, erigido para o Dr. Eduardo, vale a visita.

Com a morte da Viscondessa e do seu filho Eduardo, coube ao seu Genro, Sr. Barnabé Francisco Vaz de Carvalhaes Sobrinho administrar os bens da família, e cumprir o desejo testamentário do casal de Viscondes. Mas sobre essa jornada, falaremos no próximo mês.

Danilo Brás dos Santos