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Pelas
datas que não devem ser esquecidas.
MONUMENTO DE SANTO ANTÔNIO PREGANDO AOS PEIXES
Existem acontecimentos, eventos e datas que fortalecem o
espírito de comunidade dentro da Igreja, e esse é o
espírito que dá subsídio para as grandes realizações.
O último dia 17 de março
foi o jubileu de inauguração do monumento a Santo
Antônio, da praça em frente à Basílica, data que passou
despercebida.
A origem desse monumento remonta a uma data muito
anterior a da sua própria inauguração; desde 1922, com a
vinda dos Frades, foi introduzido no Embaré o espírito
franciscano. É tradicional das igrejas franciscanas a
presença de um cruzeiro à frente de seus templos, e era
o desejo dos frades que o Embaré também possuísse um.
Em 1928, a câmara municipal aprovou a lei 830, que
regularizou a situação do terreno da igreja e
estabeleceu uma área para construção do cruzeiro (no
adro em frente à Basílica ficaria no local onde hoje se
encontra um telefone público). Com a construção da
Matriz do Embaré e o passar dos anos, a comunidade
começou a sonhar com um projeto mais audacioso. Em 1956,
se constituiu uma comissão presidida pelo Sr.
Aristóteles Ferreira, em prol da construção de um
Monumento a Santo Antônio, em memória a célebre passagem
do orago, pregando aos peixes em Rímini.
Essa comissão rapidamente conseguiu seu objetivo, e
contou até com ajuda financeira do município, que
entregou uma generosa contribuição para uma comitiva de
membros, da qual fazia parte a Sra. Rosa Nacarato, a
Rosinha, que ainda hoje distribui pães de Santo Antônio
todas as terças feiras, de tarde, na entrada da
Basílica.
Foi o projeto mais
democrático e explicado feito na igreja, contando com
maquetes, desenhos e croquis, anexados pela igreja,
tendo sido solicitados orçamentos de vários artistas e
opiniões de especialistas, e ao final foi escolhido o
trabalho do escultor Luiz Marrone.
A inauguração ocorreu no dia 17 de março de 1957,
contando com a presença do Prefeito Antônio Ezequiel
Feliciano da Silva, do Bispo D. Edílio José Soares, do
Pároco Frei Estevão Maria de Piracicaba e de outras
tantas personalidades.
Ainda hoje, passados 50 anos, essa belíssima obra
encanta a todos, embora esteja completamente
descaracterizada, no que se refere a sua temática, já
que não possui mais os peixes originais, furtados pelo
valor de seu metal; também foi imprudentemente
introduzido um sistema de chafariz recentemente, que
embora embeleze a praça, destoa da cena, fez perder seu
caráter como obra de arte (não respeitando seus aspectos
singulares e autorais) e prejudica a conservação da
peça, jorrando água com cloro durante longo
período do dia. Quando o chafariz é desligado é possível
observar a ação destrutiva do cloro sobre a pátina do
bronze. Mesmo membros da Prefeitura, em visita à
Basílica, advertiam também sobre a ação agressiva do
alvejante do chafariz na escultura, muito embora não
dessem tanta importância aos peixes furtados.
O que resta dizer? A obra é
pública, propriedade do município, mas o zelo deve ser
de todos.
Santos, maio de 2007 -
Danilo Brás dos Santos - Conservador/restaurador
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